Ao documentar o fluxo e a ausência da água nas cidades, o Águas Urbanas também pergunta: quem tem o direito de existir plenamente? Quais espaços são apagados? Quais vozes são silenciadas?
Existe uma força silenciosa no olhar. Ver é mais do que perceber com os olhos — é reconhecer, nomear, dar lugar no mundo. E tudo aquilo que pode ser visto e registrado carrega em si um gesto político: o de existir.
No Ayana Estúdio, acreditamos que olhar é um ato de escolha. Escolher o que mostrar, como mostrar, para quem mostrar. É por isso que a fotografia e o som não são apenas ferramentas estéticas — são dispositivos de memória e resistência.
O projeto Águas Urbanas nasce desse entendimento. Ao caminhar pela cidade com uma câmera analógica em punho, revisitamos nascentes esquecidas, fontes abandonadas, vazamentos que escorrem pelas calçadas. O que parecia invisível ou irrelevante de repente ganha corpo, contorno, presença.
Registrar essas águas é mais do que fazer uma imagem. É afirmar que ali há uma história, uma ausência, um grito mudo que precisa ser escutado. É uma forma de dizer: isso importa.
Ao documentar o fluxo e a ausência da água nas cidades, o Águas Urbanas também pergunta: quem tem o direito de existir plenamente? Quais espaços são apagados? Quais vozes são silenciadas?
Este projeto é um convite para olhar com outros olhos. Um exercício de escuta visual, de cuidado com o que está à margem — e que, por estar à margem, muitas vezes carrega o centro da vida.
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